quinta-feira, 29 de maio de 2008

1968 - O Ano que Não Terminou


Zuenir Carlos Ventura, jornalista e escritor, é o autor da obra "1968 - O Ano que Não Terminou", lançado em 1988. O livro Chegou a inspirar uma minissérie transmitida pela Rede Globo conhecida como Anos Rebeldes e ainda fez com que Zuenir Ventura ganhasse o Prêmio Jabuti, em 1989.
Graças às lembranças do autor na época da ditadura, de pesquisas externas e diversas outras entrevistas com amigos, políticos e artistas daquele período consegui-se reconstruir a imagem do Brasil naquele ano. Zuenir Ventura relata todos os acontecimentos daquela ditadura, intensificando a grande influência dos estudantes, com sede para iniciar uma "revolução planetária". Afinal, foi tão grande a influência do "maio francês" que motivou os estudantes de todo o Brasil a irem às ruas para protestar. É perceptível a adimiração que Ventura tinha pela juventude daquela época, pela visão que tinha da sede de conhecimeto dos jovens pelas obras que traziam uma certa contribuição para a ação revolucionária e ainda pela "negação" da Televisão ( "a máquina de fazer doido", como Stanislaw Ponte Preta definia a TV).

Zuenir relembra ainda a Sexta-feira Sangrenta, quando estudantes protestavam e lutaram contra a ditadura. Foi, para muitos, um acontecimento inesquecível, quando presenciaram a batalha entre policiais e o povo que chegou a durar cerca de dez horas.

Zuenir Ventura mostra em seu livro também o acontecimento histórico que foi a implantação do AI-5 na sexta-feira 13 de dezembro daquele ano inesquecível, consequência do reflexo dos acontecimentos internacionais e do clima que a população brasileira vivia. No livro, o autor descreve com clareza, o que foi a divulgação do AI-5: uma sentença de morte.

Zuenir fez por merecer o Prêmio Jabuti, em 1989. A forma apaixonada como escreve sua obra, de modo único, jamais se verá igual. Ao tratar dessa época, relembra com tantos detalhes e força que provaca uma evasão do tempo e motiva o leitor a viajar em sua própria imaginação. Trata dos fatos sempre com inovação. Certos assuntos são tratados com ironia e comédia, outros com frieza e seriedade. Características bem antagônivas que tornaram-se o melhor método para descrever aquele período de muitas incertezas, mas grandes sonhos, lembrando também como Charles Dickens descreve aquele ano que não terminou: "o melhor dos tempos e o pior dos tempos, a idade da sabedoria e da insensatez, a era da fé e da incredulidade".

Narração em 3ª pessoa: O destaque do Observador


Quarto de Recordações




Talvez fosse o dia mais frio daquele ano e Clair resolveu tomar seu chocolate quente em outro cômodo de sua casa, um quarto vazio onde ninguém mais dormia. Antes de entrar no cômodo deu um longo suspiro como quem fosse passar por uma auto-provação. Ao atravessar a porta, contemplou cada parede, cada pedaço de chão e tudo mais que havia naquele lugar.

O quarto parecia intocado. Havia uma cama com uma coberta azul com bolas de futebol. No teto, miniaturas de planetas luminosos. Na bancada estavam dois bonecos ajeitados um de frente para o outro como se fossem brigar. E no canto do quarto, vários outros brinquedos guardados e nunca mais usados.

Clair parou na frente de um mural de fotos pregado na parede. Em cima estava escrito "Léo". Os olhos dela se avermelharam e se entristeceram. Levou uma das mãos à boca enquanto a outra, trêmula, passava pelas fotos. Parecia que só ver não era suficiente para Clair. Ela precisava tocar e sentir. Eram fotos de um menino quando bebê e criança de uns 10 ou 11 anos. O garoto tinha a cor dos cabelos e dos olhos iguais ao de um homem nas fotos. O sorriso não dava para saber com quem parecia. Não havia foto desse homem sorrindo e a mãe do menino não sorria mais.

O chocolate quente havia acabdo. Ela saiu da frente do mural de fotos e se dirigia para fora do quarto, quando parou perto da porta. Assim ficou por pelo menos uns cinco minutos: quieta, silenciosa, apenas olhando para a cama de coberta azul com bolas de futebol. Voltous- de frente para o quarto, deixou seu copo na bancada ao lado dos bonecos, tirou o roupão que vestia e ficou só de pijama. Antes de apagar a luz do quarto, tirou do roupão uma reportagen recortada que tinha como manchete: "Mais uma vítima desse mundo violento". Olhou o jornal com olhos mais avermelhados, mas não entristecidos. Era outra coisa. Jogou o texto em outra direção, apagou a luz e deitou na cama em meio a choros e soluços.

Já era o dia seguinte quando Clair acordou. Ficou deitada por mais um minuto. Levantou-se, arrumou tudo que havia bagunçado e saiu do quarto para tomar banho e se arrumar para o trabalho. Antes de sair, olhou para o quarto sem mecher a cabeça apenas, virando os olhos. E, no final, falou, com um sorriso simples e fraco, como se houvesse alguém no quarto: "Feliz aniversário, meu filho."


Narração em 1ª pessoa: A história contada por suas próprias palavras e visões.

Quarto de Recordações
Eu nunca tinha sentido tanto frio como naquela noite. Aquele chocolate quente de nada ajudava, mas mesmo assim, tomava-o indo para o quarto, onde ninguém mais dormia. Antes de entrar no quarto, dei um longo suspiro. Afinal, aquilo sempre foi um desafio para mim. Quando entrei no quarto, não foi diferente das outras vezes. Admirei cada parede, cada pedaço de chão e tudo mais que lá havia.
O quarto estava exatamente como deixei: intocado. Lá estavam a cama com a roupa de cama azul com bolinhas de futebol, os planetas luminosos que escolhi estavam no teto, os dois bonecos na bancada, um de frente para o outro, prontos para brigareme, no canto do quarto, todos os outros brinquedos nunca mais usados.
Eu parei na frente do mural de fotos que ajudei a montar, mas fui eu quem escreveu "Léo" em cima. Meus olhos já não agüentavam mais e pediam para chorar. Eles se entristeceram. Para me segurar, tive que levar minha mão à boca, enquanto a outra passava pelas fotoas.Vê-las era uma coisa, tocá-las era outras. Eu precisava senti-las. Havia fotos do meu filho quando bebê e criança de 12 anos. Tinha os cabelos iguais ao do meu ex-marido, mas eu não consegui comparar seu sorriso. O pai nunca sorria, enquanto eu havia me esquecido como sorrir há muito tempo.
Meu chocolate quente já tinha acabado. Então, saí da frente do mural de fotos e me dirigi para fora do quarto. Olhei para a cama de coberta azul com bolinhas de futebol. Era naquele lugar, onde ficava o berço anos atrás, que eu cobria, brincava, fazia cócegas... dormia com Léo há um ano atrás. Daí então, decidi que iria dormir ali mesmo. Voltei de frente para o quarto, deixei o copo na bancada ao lado dos bonecos . Tirei o roupão que vestia e fiquei só de pijama. Mas antes de desligar as luzes , lembrei que precisava tirar do meu roupão aquele papel, aquela reportagem cortada que dizia: "Mais uma vítima desse mundo violento". Dessa vez meus olhos estavam mais vermelhos, mas não estavam tristes. Estavam com raiva. Joguei a reportagem em qualquer direção, apaguei a luz e deitei na cama em meio a choros e soluços.
Quando acordei já era o dia seguinte. Fiquei deitada por mais um ou dois minutos. Tinha me esquecido como era confortável aquela cama. Levantei, arrumei tudo que havia bagunçado e saí do quarto para tomar banho e me arrumar. Antes de sair, olhei para todo o quarto admirando de novo cada pedaço daquele cômodo. Com certeza lá esrava um pedaço dele e outra parte comigo. E com um sorriso bem leve, tive que dizer: "Feliz aniversário, meu filho".

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ética Jornalística

É verdade que a imprensa brasileira já venceu diversas barreiras contra a censura, como durante a época da ditadura militar. Aquele momento de repressões e lutas colaborou para o avanço democrático brasileiro. Entretanto, uma nova questão foi levantada nos meios de comunicação: a ética jornalística.

Devido a corrida pelo sucesso e a busca por uma "matéria de primeira" muitos jornalistas rompem com a ética. Tais fatores remetem a um tipo de pensamento: "Até onde deve-se ir para conseguir uma boa matéria?".

O jornalista pode/deve publicar textos mesmos sabendo que pessoas podem ser prejudicadas?

Se suas fontes são verdadeiras, por que não publicar? O jornalista tem o compromisso com a verdade e a informação. Não estávamos lutando pela liberdade de imprensa anos atrás? As pessoas que demonstram temer a difamação de sua imagem são aquelas que estão envolvidas diretamente com os problemas apontados nas reportagens. Se o indivíduo tem provas de sua inocência diante dos fatos publicados, não tem motivos para temer o prejuízo de sua imagem.

A ética não é corrompida, quando o compromisso do jornalista é apenas profissional. Mas entender que seu poder de relato pode influenciar opiniões e a vida pública da sociedade é primordial para saber como transmitir seus fatos.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Quem sou eu?



Estudante de Jornalismo do IESB. Eu sou antes de tudo uma criança, daquelas cheias de esperança e sonhos. Também sou jovem como aqueles que lutam por ideais e desafiam acontecimentos do jogo da vida. Sou como os idosos vividos que não perderam o encanto da vida e que descobriram que os sonhos não envelhecem!



"Cairemos e tropessaremos, mas o importante é que demos o primeiro passo."